
Casa Branca alega segurança nacional, mas instituição tem força para ganhar embate e manter tradição de diversidade e proteção dos estudantes internacionais
Um novo capítulo da disputa entre a Universidade de Harvard e o governo Trump se desenrola com a mais recente medida da Casa Branca, que restringe a entrada de estudantes estrangeiros sob o argumento de risco à segurança nacional. A ação é vista como parte de uma jogada política por especialistas da área educacional. “É mais uma ação baseada em argumentos frágeis. Nosso fundador, Jamie Beaton, interpreta como um ‘teatro político’ do presidente americano. É um momento de instabilidade, mas vale a pena insistir no sonho e buscar uma educação de excelência”, afirma Amauri Bordini, gerente da Crimson Education para o Brasil e América Latina. Criada por ex-alunos de Harvard para orientar estudantes no processo de admissão em universidades de ponta, a consultoria educacional acredita que a instituição não apenas resistirá à medida, mas reafirmará seu compromisso com a diversidade cultural e acadêmica.
1. Como essa ação difere das anteriores contra Harvard e os estudantes internacionais?
Publicada em 4 de junho, a proclamação da Casa Branca restringe a entrada de novos estudantes internacionais e visitantes de intercâmbio que planejavam começar pesquisas ou estudos na Harvard no próximo ano letivo, que inicia em agosto. Dessa vez o alvo são “apenas” os futuros alunos internacionais e visitantes de intercâmbio – em vez de todos já presentes em Harvard. A proclamação também autoriza, em tese, a revogação de vistos de atuais estudantes considerados risco à segurança nacional.
A proclamação foi ajustada para minimizar impacto imediato e possíveis derrotas jurídicas. Após a Justiça ter barrado a iniciativa anterior citando o impacto desastroso sobre os estudantes internacionais, agora a estratégia passa por um foco restrito e o uso de prerrogativas do Executivo. Atualmente, 27% dos alunos de Harvard são estrangeiros, sendo 2,3% de brasileiros.
2. Quais são os argumentos do governo de Donald Trump e qual o fundamento legal apontado?
O governo alegou que a admissão de certos estudantes internacionais pode ser “prejudicial ao interesse nacional”, recorrendo à autoridade executiva prevista no Immigration and Nationality Act, de 1952, que permite ao presidente suspender a entrada de estrangeiros considerados prejudiciais. O argumento central foi a proteção da propriedade intelectual e a prevenção de espionagem acadêmica. Além disso, o governo alegou que Harvard não atendeu plenamente a pedidos do Departamento de Segurança Interna relacionados à verificação e colaboração sobre determinados estrangeiros. Portanto, as medidas visam reforçar a segurança e exigir maior colaboração das instituições em casos sensíveis.
3. Como a Crimson enxerga essa decisão?
A Crimson vê essa decisão como mais uma ação baseada em argumentos frágeis, afirmando que os admitidos internacionais prejudicam a segurança nacional — uma alegação que não se sustenta frente ao histórico de excelência e transparência das universidades de ponta. Jamie Beaton, nosso CEO, aponta que “internacionais são o que faz Harvard grande; restringir esse talento é um equívoco de curto prazo.” Acreditamos que a diversidade acadêmica e cultural é essencial para a liderança global das universidades de ponta e que tais medidas não refletem os verdadeiros valores dessas instituições.
4. O que pode acontecer a partir de agora?
Devemos aguardar a resposta integral da liderança de Harvard, mas a história recente indica que a universidade irá defender seus alunos internacionais, seja por vias legais, seja em negociações diretas. Com uma tradição de mais de 388 anos e um fundo patrimonial de US$ 53 bilhões — maior que o PIB de diversos países —, a universidade tem estrutura e influência para enfrentar o embate.
Enquanto isso, os 20 escritórios da Crimson ao redor do mundo seguem monitorando a situação. Temos conversado com alunos que foram aceitos em outras universidades, alguns estão mais sóbrios e outros mais preocupados, mas todos relatam que têm recebido mensagens acolhedoras das universidades, alegando que irão defender os estudantes internacionais.
5. Vale a pena insistir no sonho de estudar em Harvard?
Sim. As exigências são elevadas e a incerteza política é real, mas o valor de uma educação de ponta é incomparável. Os benefícios profissionais, de liderança e de networking duram a vida toda.
Não desanimem. Continuem resilientes. Harvard e outras universidades não recuarão. Acreditamos que se trata de estamos vivendo um capítulo barulhento e instável, mas que vai passar. Instruímos as famílias a não perderem de vista os benefícios de uma educação internacional, pensem no longo prazo. Europa e Canadá podem ser um plano B, mas não desistam das universidades americanas.
Nossa mensagem é para manterem não recuarem e sim para manterem o foco e olharem para o longo prazo. Nosso CEO recomenda: “se você é um dos estudantes se perguntando se o sonho ainda está vivo – se ainda vale o risco, o esforço, a incerteza – aqui está minha resposta: Harvard não recua. E você também não deve recuar”.
Alunos internacionais que decidem encarar esse processo devem demonstrar muita motivação e resiliência. São aqueles que enxergam no longo prazo o benefício de suas ações, acostumados a desafiar ideias e superar expectativas. O processo de candidatar-se a universidades de ponta nos Estados Unidos é muito complexo, sobretudo para alunos internacionais, por isso é necessário um apoio especializado como o da Crimson, que prepara e acompanha o processo de candidatura e de bolsa de estudos em universidades nos Estados Unidos, Reino Unido, Europa e Canadá.
6. Qual a orientação da Crimson para alunos e famílias internacionais?
Nossa recomendação para as famílias é para que não desistam. Vivemos um momento, mas as instituições que realmente importam não estão recuando – então vocês também não deveriam recuar. Vale lembrar que há cerca de um ano ele havia prometido que os alunos internacionais que se formassem nos EUA deveriam receber o green card – e agora ele está os ameaçando. Segundo nosso fundador, Jamie Beaton, não se trata de política nem de ideologia. É teatro político – Trump fazendo o que sabe fazer melhor: atrair os holofotes, energizar sua base e colocar os oponentes na defensiva.
Esperamos que a controvérsia se dissipe no tempo, dado o firme compromisso da universidade em proteger seus alunos e as múltiplas estratégias disponíveis para isso.
7. E quanto aos brasileiros recém-admitidos que embarcarão para Harvard nas próximas semanas?
Estudantes que viajarão já em agosto devem manter diálogo próximo com nossos times e Harvard, pois são os que sentem o impacto direto do impasse político. Nossa prioridade é garantir informação, suporte e tranquilidade.
8. Alunos que participarão de summer programs em Harvard serão afetados pelas novas medidas do governo dos EUA?
A medida se aplica apenas a novos alunos matriculados em agosto e setembro. Programas de verão (summer programs), em sua maioria, não exigem o mesmo tipo de visto de estudante e, portanto, não devem ser afetados. Aqueles que já obtiveram os vistos exigidos seguem com seus planos normalmente. A medida, portanto, não afeta quem fará programas de verão nestas férias.
Sobre a Crimson Education
Fundada em 2013, a consultoria educacional e internacional oferece suporte especializado na preparação de alunos para aumentar suas chances de admissão nas mais prestigiadas universidades dos EUA, Reino Unido, Europa e Canadá. Já teve mais de quatro mil assessorados aprovados nas 50 melhores universidades do mundo.